sexta-feira, 20 de março de 2009

Certas vezes sinto que me ausento de mim,e isso me causa uma leveza tal qual não é descritível.Inumanamente calculado.Instintivamente planejado.Inicialmente previsto.Quase paro de respirar, e é bom.

Como um cálculo matemático inacabado, te vejo, te sinto, novamente respiro o mesmo ar que você;quase sem forças,cambaleio para longe de ti, afim de que não vejas o que te escondi,pra que não veja tudo aquilo que optaste por não ver.

Sento e quase não lembro do que acabo de dizer.Me dou o direito de esquecer do teu cheiro,tua voz,aquela noite.O que eu sinto não é traduzível.Coisas que só se aplicam a personagens literários da ficção.

Meu estômago dói,intolerante á qualquer coisa que lhe ofereça.Ressaca moral.Amizade instigante.Assim como uma boneca partida,humilhada por não ser uma flor.Uma dor pulsante.Pungente.Quase um ultraje,quase uma verdade, quase um apelo sem sentido.

Lembro de pessoas sem importância.Sonhos com desconhecidos.Ruas escuras, paisagens desertas, frases infames.

Unhas mal feitas, pintadas de vermelho, cabelo colorido desinforme, vejo vários fios caídos a minha volta.E os fios tem a cor de cereja.Cereja madura,caída ao chão pronta para ser pisada.O cheiro de morte me livra da solidão.E é bom.

Crio meu silêncio através de ruídos incessantes.Sinto a complexidade através do silencio transparente.O silencio é transparente.Imaginei certa vez que fosse talvez branco,ou amarelo,mas o silencio é transparente e tem uma força que só quem o possui entende.Uma luz me toma e é uma luz azul que me toma e domina e me acalma.

Acabo de confirmar-me naquilo que não vivi.Não me preocupo em me fazer entender,em parecer plágio de um plágio mal feito.Me desligo de mim e quase paro de respirar.E é bom.

Me alimento de experiências que não são minhas,de dias que não vivi , de objetivos não-alcançados.Sinto vergonha do que vivi,então rejeito.Te entrego tudo aquilo que repúdio.Te aconselho a jogar tudo num saco para então esquecer quem sabe talvez em algum aterro biológico.

Sinto que meu tempo está prestes a acabar,feliz, apavorada,assustadérrima.Feliz.

Me vem um desejo doido de te morder,te arranhar.Me livro da responsabilidade,me ausentando de mim.Nada como o imaginado,melhor do que o pressuposto.

Rodando,rodando,rodando,quase posso voar.Tropeçando nos próprios pés te advirto do que advirá.Me divirto com as palavras não ditas,sentenças não acabadas.Uma vida não vivida.

Nenhum comentário: